Durante a primeira semana de recolha de dados do Opinião Social (de 21 a 30 de março) foram preenchidos 156.192 questionários. Dos respondentes, 64% são mulheres e 36% são homens, 6% tem até ao 9º ano de escolaridade, 26% tem o ensino secundário completo e 68% tem o ensino superior. No que diz respeito à idade, 8% tem entre 16 e 25 anos, 49% tem entre 26 e 45 anos, 37% tem entre 46 e 65 anos e 6% tem mais de 65 anos.
“Está em casa, saindo somente em situação de absoluta necessidade?”
Quem são as pessoas que afirmam estar em casa?
Do total de respondentes, 76,5% refere estar em casa, não estando a trabalhar no local de trabalho, e saindo somente em situações de absoluta necessidade. Nestes não se verificam diferenças no comportamento entre homens e mulheres, entre diferentes grupos etários nem entre diferentes regiões.
Quem são as pessoas que vão para o local de trabalho?
São 20,6% dos respondentes. São 18,6% das mulheres e 24,1% dos homens. São 21,7% das pessoas com idades entre os 16 e os 65 anos. São 27,4% das pessoas que moram no Alentejo e apenas 17,3% das que vivem em Lisboa e Vale do Tejo.
Quem são as pessoas que afirmam não estar em casa e que não vão para o local de trabalho?
São 1,7% da população (n=2654). São 1,3% das mulheres e 2,5% dos homens. É de referir que destas 2654 pessoas, 95% reconhece as medidas veiculadas pela DGS como muito importantes ou importantes. Em relação à capacidade de resposta dos serviços de saúde, 57,9% refere ter confiança ou muita confiança na capacidade de resposta dos serviços de saúde. Apenas 16,4% reconhece que tem um risco elevado de ficar infetado com COVID-19 e 34,1% perceciona baixo risco ou sem risco. De destacar ainda que 24,2% destas pessoas considera as medidas implementadas pelo Governo pouco ou nada adequadas.
Os restantes 1,2% dos respondentes não foram incluídos nesta análise pois desconhece-se como desempenham atualmente a sua atividade profissional (i.e., não responderam à pergunta sobre se trabalham no local de trabalho, em casa ou outra opção).
Nível de confiança na capacidade de resposta dos serviços
Quando questionadas quanto ao seu nível de confiança na capacidade e resposta dos serviços de saúde à pandemia provocada pela COVID-19, 63,1% da população inquirida sente-se confiante ou muito confiante.
Quem são estas pessoas que estão confiantes ou muito confiantes?
São 62,9% das mulheres e 63,6% dos homens. São 75% dos idosos (+ de 65 anos), 54,2% das pessoas com idades entre os 26 e os 65 anos e 59,2% dos jovens (16-25 anos). São 67,1% das pessoas que moram na Madeira e 66% das pessoas do Norte. São 46% das pessoas com escolaridade até ao 9º ano, 65,1% das
pessoas com o ensino secundário e 61,9% de pessoas com ensino superior.
Em suma, os idosos estão mais confiantes na capacidade de resposta dos serviços de saúde quando comparados à restante população. Os menos escolarizados estão menos confiantes. Não se denotam diferenças no sexo. A região da Madeira e o Centro são quem tem a população mais confiante.
Saúde Mental
Relativamente à pergunta “com que frequência se tem sentido agitado, ansioso, em baixo ou triste devido às medidas de distanciamento físico?” As respostas concentram-se mais nas opções de resposta que reportam já se ter sentido assim, totalizando 80,3% dos respondentes.
Quem são as pessoas que reportam já se ter sentido assim todos os dias, quase todos os dias, alguns dias?
São 84,4% das mulheres e 72,7% dos homens. São 70,2% dos idosos (+ de 65 anos), 76,1% das pessoas com idades entre os 65 e os 46 anos, são 83,5% das pessoas com idades entre os 45 e os 26 anos e são 86,60% dos jovens (16-25 anos).
Destas pessoas que se sentem agitados, ansiosos, em baixo ou tristes devido às medidas de distanciamento físico, é de destacar que 64,2% tem receio ou tem muito receio de perder o rendimento e que 45,4% tem receio ou muito receio que exista interrupção de fornecimento de bens essenciais. De referir ainda que 8,4% não têm apoio entre os seus familiares, conhecidos ou na sua comunidade para adquirir bens se necessário. Verifica-se também que 16,1% faz parte de um grupo profissional em maior risco e 13,2% mora com alguém que faz parte de um grupo profissional em maior risco.
Destaca-se ainda que, destas pessoas, 35,9% está pouco confiante (32,4%) ou nada confiante (3,5%) na capacidade de resposta dos serviços, e que 34,9% está pouco confiante (30,3%) ou nada confiante (4,6%) na capacidade de resposta do Governo.
Em suma, as mulheres estão mais ansiosas, agitadas, em baixo ou tristes, bem como os mais jovens. Estão também mais ansiosas, agitadas, em baixo ou tristes as pessoas que têm receio de perder o rendimento e as que temem uma interrupção de fornecimento de bens essenciais. 8,4% dos ansiosos, agitados, em baixo ou tristes não têm apoio entre os seus familiares, conhecidos ou na sua comunidade para adquirir bens se necessário, 35,9% está pouco confiante ou nada confiante na capacidade de resposta dos serviços, e que 34,9% está pouco confiante ou nada confiante na capacidade de resposta do Governo.
Quando questionadas quanto ao nível de receio que exista uma interrupção no fornecimento de bens de primeira necessidade, 42,3% das pessoas afirma sentir-se receoso ou muito receoso que isto aconteça.
Quem são as pessoas que reportam ter receio ou muito receio que exista uma interrupção no fornecimento de bens de primeira necessidade?
São 43,8 das mulheres e 39,5% dos homens. São 39,8% dos idosos (+ de 65 anos), 43,3% das pessoas com idades entre os 65 e os 46 anos, são 42,7% das pessoas com idades entre os 45 e os 26 anos e são 37,5% dos jovens (16-25 anos).
São cerca de 50% das pessoas que vivem nas Ilhas (48,5% Madeira e 54,6% Açores) e 48,7% das pessoas que vivem no Alentejo. São as pessoas que vivem em Lisboa e Vale do Tejo que tem menor nível de receio, 40,20% das pessoas que aí vivem reportam ter receio ou muito receio.
Em suma, as mulheres estão mais receosas do que os homens que exista uma interrupção no fornecimento de bens de primeira necessidade. Os idosos e os mais jovens têm menos receio. São as pessoas que vivem nas Ilhas e no Alentejo quem tem mais receio.
Nível individual de risco de contrair Covid-19
Quando questionadas sobre o seu nível individual de risco de contrair COVID-19, 18,6% das pessoas acredita ter um risco elevado e 30,6% considera ter um risco baixo ou nenhum risco.
Quem são as pessoas que consideram ter um risco elevado?
São 31,3% das mulheres e 29% dos homens. São 19,3% dos idosos (+ de 65 anos), 18,2% das pessoas com idades entre os 65 e os 46 anos, são 20% das pessoas com idades entre os 45 e os 26 anos e são 11,4% dos jovens (16-25 anos). São as pessoas que vivem no Centro (20,4%) que se sentem em maior risco e as que
se sentem em menor risco vivem na Madeira (14,1%).
De referir ainda que 39,6% faz parte de um grupo profissional em maior risco e 21,4% mora com alguém de um grupo profissional em maior risco. Destaca-se ainda que, destas pessoas, 42,5% está pouco confiante (36,5%) ou nada confiante (6%) na capacidade de resposta dos serviços, e que 44,6% está pouco confiante (36,5%) ou nada confiante (8,1%) na capacidade de resposta do Governo.
Em suma, não se verificam variações de resposta a esta questão em função das características demográficas, embora os jovens tendam a reportar menos perceção de risco. Reportar risco mais elevado parece estar mais relacionado com o facto de ser ou de morar com alguém de grupo profissional em risco, com o nível de confiança na capacidade de resposta dos serviços ou do Governo.
Receio de perder o rendimento
Dos respondentes, 61,4% dos inquiridos sente receio ou muito receio de perder o seu rendimento devido à situação atual relacionada com a COVID-19. Apenas 15,8% não tem receio.
Quem são as pessoas que reportam ter muito receio de perder o seu rendimento devido à situação atual relacionada com a COVID-19?
São 61,6% das mulheres e 60,9% dos homens. São 42,2% dos idosos (+ de 65 anos), 61,6% das pessoas com idades entre os 46 e os 65 anos, são 65,5% das pessoas com idades entre os 26 e os 45 anos e são 47,8% dos jovens (16-25 anos).
São 33% das pessoas que vivem no Algarve e 30,5% das pessoas que vivem no Norte que reportam muito receio. São as pessoas que vivem em Lisboa e Vale do Tejo que têm o menor nível de receio, 26,6% das pessoas que aí vivem reportam muito receio. São 53,8% das pessoas que trabalham por conta própria e 24,6% das pessoas que trabalham por conta de outrem. Apenas 9,5% dos reformados tem este nível de receio.
Em suma, o facto de ser trabalhador por conta própria parece estar associado ao de receio de perder o rendimento. São as pessoas em idade laboral que têm mais receio e quem vive no Algarve e no Norte.