O Opinião Social analisou as respostas ao questionário durante o período de festas para perceber as perceções e comportamentos dos portugueses durante esta época. A análise incide sobre o período de 11 de dezembro de 2021 3 de janeiro de 2022 (1.739 respostas).
Perceção de risco
De forma consistente com o contexto epidemiológico, nas últimas quinzenas, verificou-se uma tendência de aumento da perceção de risco, embora em níveis inferiores a outros períodos de agravamento da pandemia.
No período em análise, cerca de 64% dos participantes considerou ter um risco moderado ou elevado de ser infetado com Covid-19 (72% em período semelhante da época festiva passada). A vacinação, os dados sobre severidade e a própria familiaridade com a situação pandémica explicarão este menor alarme em relação a períodos com menos casos.
Comportamentos
Após um período de redução generalizada na adesão a medidas de proteção, verificou-se alguma recuperação, com nova quebra na última quinzena.
No caso da utilização de máscara em espaços fechados, verificou-se uma recuperação para níveis semelhantes aos do final do verão, mas na última quinzena atestou-se novamente uma redução.
Registou-se também uma quebra na utilização de máscara em contexto de socialização, com cerca de um quarto dos participantes a reportar usar sempre máscara quando esteve próximo de pessoas não pertencentes ao agregado familiar (27,5%) e em convívios de grupo (25,2%).
Estes dados refletirão naturalmente os convívios familiares do período de festas.
Testagem
Os dados do Opinião Social refletem também um aumento no recurso à testagem. É no grupo dos maiores de 65 anos que se verifica um menor recurso à testagem. Os participantes com rendimentos inferiores a 650 euros também reportam um menor recurso à testagem, com 67% a referir que no último mês nunca ou raramente fez um teste.
O motivo mais frequente para a realização de um teste foi a proteção de familiares e amigos.
Na última quinzena, cerca de 40% dos participantes reporta ter tido dificuldades na realização de testes, sendo a principal dificuldade não encontrar testes à venda, logo seguida pelas dificuldades de agendamento. Os participantes mais jovens reportaram mais dificuldades para fazer um teste.
Medidas de proteção durante o período de festas
Mais de metade dos participantes revelou a intenção de celebrar a época festiva com pessoas não pertencentes ao agregado familiar e mais de 95% elencou cuidados especiais para se proteger a si e à sua família e amigos da Covid-19.
A realização de testes antes dos convívios familiares foi a medida mais apontada, seguida pelo arejamento dos espaços, limitação do número de pessoas durante os convívios e garantir a vacinação dos presentes.
Os apelos à testagem e as mensagens focadas na proteção dos entes queridos parecem ser coerentes com as motivações das pessoas nesta fase da pandemia. Garantir oportunidades para a concretização destas intenções continua a ser essencial.
Por outro lado, num contexto de grande aumento de casos, é também importante garantir alguma normalização associada ao procedimento de testagem e a um eventual teste positivo e combater atitudes e comportamentos de estigmatização e penalização.
A disponibilização de mensagens consistentes face às medidas a adotar perante um teste positivo é essencial, sobretudo num contexto de mudança nas normas e de dificuldade de resposta atempada dos serviços.