Projectos

Notícias

Opinião Social: Perceção de risco dos portugueses baixou e jovens com piores valores de saúde mental

Publicado a 17/09/2021

Barómetro Covid-19: Opinião Social fez a análise das perceções dos portugueses face à pandemia da COVID-19 durante a quinzena de 21 de agosto a 3 de setembro de 2021.

N total: 207716 / N quinzena em análise: 1409

 

Seguem os principais resultados:

 

Saúde e bem-estar:

54% dos participantes avalia o seu estado de saúde como “bom” ou “muito bom”, indicando uma estabilização dos indicadores referentes à auto-percepção do estado de saúde.

Ao nível do bem-estar psicológico, verifica-se também uma estabilização desde março, com 17% dos participantes a reportarem sentir emoções negativas – agitação, ansiedade ou tristeza – “quase todos os dias” ou “todos os dias”, valor semelhante ao encontrado em igual período de 2020.

É no grupo dos mais jovens (16-25 anos) que se tem verificado, ao longo do tempo, uma maior percentagem de emoções negativas.
Entre janeiro e fevereiro de 2020, meses críticos da pandemia em Portugal, observaram-se picos nos níveis de emoções negativas em todos os grupos etários, no entanto, todos os grupos, exceto o dos jovens, têm vindo a regressar aos níveis verificados anteriormente.

A análise à última quinzena mostra que 36,8% dos respondentes entre os 16 e os 25 anos sente emoções negativas “todos os dias” ou “quase todos os dias”, enquanto no grupo dos maiores de 65 anos se verifica uma percentagem bastante inferior (11,6%). A etapa do ciclo de vida, associada a transições e início de novos desafios, pode ajudar a explicar este maior impacto no bem-estar psicológico entre os mais jovens. Será importante que os contextos que acolhem os jovens desenvolvam mecanismos de monitorização e intervenção a este nível.

 

Comportamentos de proteção:

É possível observar que os participantes reportam fazer uma clara distinção entre a utilização da máscara em espaços exteriores e interiores.

A utilização da máscara em espaços fechados mantém-se elevada, com 70% dos participantes a referir que utiliza “sempre”, verificando-se uma percentagem mais baixa nos grupos dos 16 aos 25 anos (45,9%) e dos 26 aos 45 anos (56,6%) e mais alta no grupo dos maiores de 65 anos (84%).

Nos espaços exteriores, tem-se verificado uma tendência de descida na utilização da máscara, com 39% dos participantes a utilizar “sempre”. Entre os mais jovens, a percentagem é mais baixa: 16% no grupo dos 16-25 e 26% no grupo dos 26-45.

Verifica-se também uma redução da utilização de máscara quando os participantes estão com grupos de dez ou mais pessoas, com cerca de 65% dos participantes a reportar que não utilizou máscara nessa situação, em claro contraste com o verificado durante a primavera, em que uma clara maioria reportava usar máscara quando estava em grupos. O processo de desconfinamento, com redução de restrições como as limitações ao número de pessoas por mesa nos restaurantes, e o período de férias contribuirão para explicar esta tendência.

Poderá ser importante explorar se as pessoas estão a adotar outras medidas que minimizem o risco nestes momentos de convívio sem máscara, como por exemplo garantir uma adequada ventilação dos espaços, ou se estas condutas são baseadas em eventuais crenças compensatórias, como todos os membros do grupo estarem vacinado ou testados previamente.

 

Perceção de risco:

Tem-se verificado uma tendência de descida na perceção de risco de desenvolver doença severa ou complicações, com cerca de 46% dos participantes a considerarem o seu risco “moderado” ou “elevado”.

Apesar de ter sido alcançada uma elevada cobertura vacinal, o grupo das pessoas com mais de 65 anos continua a perceber-se como muito vulnerável ao desenvolvimento de quadros mais graves, com 59,5% a reportar uma perceção de risco “moderado” ou “elevado” de desenvolver doença severa ou complicações. Estes dados podem ajudar a explicar uma maior adesão às medidas de proteção desta faixa etária. Será, contudo, importante monitorizar eventuais implicações negativas relacionadas com a manutenção desta perceção de vulnerabilidade.

Quando aos outros grupos etários, é nos mais jovens (16-25 e 26-45) que se verifica uma percentagem mais baixa de participantes a considerar o seu risco de doença severa “moderado” (31%) ou “elevado” (30%), tendo-se verificado uma descida recente no grupo etário dos 26 aos 45 anos.

Quanto à perceção de risco de ficar infetado com Covid-19, esta tem-se mantido estável desde março de 2021, com 48,7% dos participantes a considerarem o seu risco “moderado” ou “elevado”, sendo esta percentagem mais baixa nos maiores de 65 anos (40,7%) e nos jovens dos 16 aos 25 anos (42%).

 

Adequação das medidas implementadas pelo Governo no combate à Covid-19:

Cerca de 74% dos participantes considera as medidas adotadas pelo Governo “adequadas” ou “muito adequadas”, tendo-se verificado uma recuperação na perceção desta adequação nas últimas quinzenas. Em igual período do ano passado, verificou-se uma tendência inversa, com uma redução progressiva da perceção de adequação das medidas ao longo do verão.

 

Expectativas em relação ao futuro:

Atualmente, a maioria dos participantes espera que as restrições impostas pela pandemia se mantenham até ao próximo ano, ou mesmo para sempre (86,7%).

Adicionalmente, uma percentagem elevada de participantes pensa manter medidas de proteção mesmo quando o risco de infeção por Covid-19 for baixo, como medida de proteção contra outras doenças. Para além da lavagem das mãos, que cerca de 87% tenciona manter frequentemente, mais de 75% dos participantes tenciona manter a utilização de máscara e distanciamento social “algumas vezes” ou “frequentemente”.

De realçar que já anteriormente (entre julho de 2020 e janeiro de 2021) 85% dos inquiridos referia que optaria por utilizar máscara, mesmo se não fosse obrigatório, o que parece indicar que esta, a par com a higienização das mãos e o distanciamento, é das medidas de proteção com maiores níveis de aceitação por parte da população.

 

De realçar também que mais de 40% dos participantes tenciona continuar a socorrer-se do teletrabalho como medida de proteção contra outras doenças. Importa referir que é entre os participantes com menos escolaridade que há uma percentagem mais elevada de indivíduos que não tem a expectativa de adotar o teletrabalho, eventualmente por a sua ocupação profissional não permitir.