O Barómetro Covid-19:Opinião Social apresentou, na última reunião do Infarmed a 23 de março de 2021, uma análise focada na motivação para a adoção das medidas de proteção da Covid-19, sustentada em modelos socio-comportamentais, como o Modelo COM-B, que considera três dimensões essenciais para a adoção ou mudança de um comportamento: a capacidade, a oportunidade e a motivação.

Modelo COM-B: Capacidade, Oportunidade, Motivação
Focando a dimensão da motivação, após analisadas as tendências relativas para compreender de que forma os comportamentos e medidas de proteção são percebidos pelas pessoas como mais atraentes, relevantes, necessários ou mais aversivos, verificou-se que os respondentes atribuem diferentes níveis de facilidade às diferentes medidas.

Questão: “Em que medida é fácil para si adotar…”
Entre os comportamentos mais fáceis de adotar, estão a lavagem frequente das mãos e a utilização das máscaras, com mais de 90% dos respondentes a considerar “fácil” ou “muito fácil” aplicar estas medidas de proteção. Para Ana Rita Goes, Coordenadora do projeto, estes resultados “fazem sentido, uma vez que se trata de comportamentos mais fáceis de interiorizar, desde que os indivíduos estabeleçam rotinas, e existem muitas pistas externas a facilitá-los.”
A adoção do teletrabalho e o cumprimento do distanciamento de 2 metros são percebidos pelas pessoas como um pouco mais difíceis. “São comportamentos muito influenciados por condições externas havendo, por isso, menos perceção de controlo, e envolvem o desenvolvimento de novos hábitos e rotinas mais difíceis de manter de forma sistemática porque competem com outras vontades”, explica a investigadora.
Mais de 30% dos inquiridos considera “difícil” ou “muito difícil” ficar em casa ou evitar visitas a amigos e familiares na medida em que, segundo a coordenadora “estes comportamentos entram em forte conflito com outras rotinas e motivações, como a vontade de socializar ou de equilibrar a vida profissional e pessoal, em termos de dia-a-dia”.
Uma análise mais aprofundada mostra que são as pessoas com menor escolaridade, com mais emocionalidade negativa, com ocupação profissional presencial, com mais dificuldade em ficar em casa e cumprir o distanciamento e que consideram as medidas do governo pouco/nada adequadas, as que reportam maior dificuldade em evitar visitar amigos e familiares.

Muito Difícil/Difícil evitar visitas a familiares e amigos
Por seu turno, indivíduos mais velhos e com baixa perceção de risco de ficar infetado revelam menos dificuldade em evitar visitar amigos e familiares. “Estes dados sugerem a importância de acautelar os comportamentos de socialização, apoiando decisões que mantenham as pessoas mais protegidas, mesmo quando socializam, já que esta é claramente uma motivação forte que compete com a motivação para adotar comportamentos de distanciamento social.”
Nota: Os dados apresentados dizem respeito a 2009 respostas ao questionário, recolhidas entre os dias 20 de Fevereiro e 19 de Março 2021.