Segundo os dados mais recentes (quinzena 11-25 de junho) do Opinião Social, 86.7% das pessoas ainda não vacinadas refere que quer tomar a vacina. 6.5% dos inquiridos diz não ter intenção de tomar, valor semelhante aos hesitantes (6.8% – ainda não decidiu).
Apesar da grande maioria dos inquiridos (94%) reportar já ter sido vacinado ou ter essa intenção, os investigadores consideram que “é importante estarmos atentos a perfis específicos, que constituam subpopulações “resistentes”, onde seja por isso mais provável o vírus circular livremente”. É na população em idade ativa, nos homens e nas pessoas com mais escolaridade que se verifica maior resistência em relação à toma da vacina.
Na quinzena analisada, os valores da decisão de tomar a vacina são semelhantes entre as várias idades (86%), no entanto são as classes em idade ativa que mostram mais resistência – intenção de não tomar (26-45 anos: 5.6%; 46-65 anos: 9.2%), comparando com nenhuma resistência registada nos mais novos (16-25 anos) e 3.7% nos mais velhos (>65 anos).
Em relação ao sexo também os valores da decisão de tomar são semelhantes (cerca de 86%), sendo os homens a mostrarem mais resistência – intenção de não tomar (10.4% vs. 6.5% das mulheres).
Na escolaridade, são os participantes com ensino superior que mostram mais resistência relativamente à toma da vacina (7.7% não pretendem tomar e 6.3% ainda não decidiram), enquanto os participantes com ensino secundário apresentam 1.9% e 9.3%, valor semelhante aos participantes com nível de escolaridade até ao 9º ano.
“Como os grupos etários mais velhos estão quase totalmente ou parcialmente vacinados, as incidências mais elevadas da resistência à vacinação evidenciam-se agora nas faixas dos jovens adultos”, explica Ana Rita Goes, Coordenadora Científica do Opinião Social. “Por outro lado” – adianta, “como é a idade que maioritariamente orienta o atual plano de vacinação, à medida que o plano vai avançando torna-se cada vez mais importante analisar a adesão à vacinação por faixas etárias”.
Ainda assim, para os especialistas, os valores atuais são confortáveis. Mas nem sempre foi assim. Em 2020, quando a vacina se encontrava em desenvolvimento, os portugueses apresentavam valores elevados de hesitação em serem vacinados: 56% preferiam esperar para tomar a vacina (i.e não tomavam logo que possível) e 9% afirmavam que não iriam tomar, valores discordantes com a habitual adesão e confiança dos portugueses ao Plano Nacional de Vacinação. No entanto, desde a aprovação pelas entidades competentes, a confiança na vacina contra a Covid-19 tem sido constante e até crescente, mesmo em fases de maior apreensão em relação à sua segurança.
Nas últimas quinzenas, a perceção de segurança e eficácia das vacinas tem-se mantido relativamente estável, com mais de 90% dos inquiridos a considerar as vacinas seguras ou muito seguras e eficazes ou muito eficazes.
A análise desta quinzena incidiu também sobre os comportamentos de proteção adotados pelas pessoas vacinadas, tendo-se verificado que 70% dos respondentes continua a usar sempre a máscara quando está com pessoas que não vivem consigo e que cerca de 80% evita sempre ajuntamentos. Contudo, apenas 30% mantém o distanciamento físico de pessoas com as quais não vive.
Ana Rita Goes explica que “o distanciamento físico é uma medida de proteção que exige um grande esforço para contrariar as nossas formas habituais de socializar e que não depende apenas de nós, mas também das pessoas à nossa volta e das condições do próprio ambiente”. A recomendação é, no entanto, manter todas as regras. “Considerando que uma percentagem elevada da população ainda não está vacinada, é importante considerarmos os efeitos de grupo, onde o comportamento de cada um de nós é influenciado por aquilo que vemos os outros à nossa volta fazer. Por isso, é muito importante continuar a manter pistas nos ambientes que nos recordem da importância do distanciamento físico, higienização das mãos e uso de máscaras e também que garantam condições para que essas medidas se verifiquem. ”
Nota metodológica:
Período de análise: 20 de março 2021 – 25 de junho de 2021 | N período de análise: 6881 | N total: 195124