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Excesso de Mortalidade Colateral e devido à COVID-19: 10 meses de pandemia

Publicado a 08/01/2021

O grupo de investigação Políticas e Intervenções do Barómetro Covid-19 analisou o excesso de mortalidade colateral e devido à COVID-19 nos últimos 10 meses de pandemia. Entre 16 de março de 2020, dia em que Portugal notificou o primeiro óbito de COVID-19, e 31 de dezembro de 2020, registaram-se mais 11 736 óbitos devido a causas naturais do que aqueles que seriam de esperar, com base na mortalidade média dos últimos cinco anos, ou seja houve um excesso de mortalidade (EM) de 13,6 porcento. Destes, 6906 (59%) foram devidos a COVID-19 e 4830 (41%) foram devidos a outras causas naturais, aquilo a que chamamos Mortalidade Colateral.

A mortalidade colateral teve maior peso em valor absoluto e percentual em julho e setembro. A mortalidade colateral também foi relevante em outubro e novembro em termos absolutos, mas tem vindo a diminuir ao longo do ano, não se registando excesso no mês de dezembro, possivelmente devido aos esforços do SNS para recuperar o nível do atendimento aos utentes não-COVID-19 e/ou ao facto de, nos registos médios dos anos anteriores, este ser um período em que, tipicamente, se registam mortes relacionadas com início da época gripal. Neste dezembro tem havido um registo extremamente baixo de óbitos atribuídos à gripe. É possível que muitos destes óbitos esperados por gripe tenham sido este ano atribuídos à COVID-19.

Uma grande parte dos países Europeus também registou excessos de mortalidade e níveis elevados de mortalidade colateral. Até ao final de maio, Inglaterra e Gales, Itália e Espanha tinham registados proporções de 28,8%, 32,5%, 61,8% respetivamente, enquanto que Portugal teria registado cerca de 49,1%.

A existência de mortalidade colateral identificado neste estudo pode ter várias explicações, incluindo a) menor acesso ou procura de consultas de acompanhamento de doenças crónicas, b) realização de menor volume de exames complementares de diagnóstico c) menor ou mais tardia procura de cuidados de saúde urgentes (especialmente durante a primeira vaga da pandemia).

Consulte o working paper na íntegra.